Conheça seus temperos: pimentas
Todo mundo tem um amigo que é louco por pimenta, ou até mesmo você pode ser o amigo louco por pimenta do seu grupo!
Desde as mais fracas e aromáticas até as insuportavelmente fortes, as pimentas são temperos milenares. Conheça um pouco mais sobre a história da pimenta e os principais tipos.
Origem da pimenta
Assim como o sal, a pimenta foi essencial para conservar os alimentos na antiguidade. Além disso, o sabor forte ajudava a disfarçar o mau cheiro e o sabor das carnes que já não estavam mais tão frescas.
A pimenta não ficou famosa apenas com as grandes navegações e a popularização dos temperos e especiarias na Europa. Muito antes disso, já era produto valioso e moeda de troca entre povos orientais. Os portugueses apenas trouxeram esse comércio já antigo para a Europa e América, onde pimenta se tornou artigo de luxo.
Quais os benefícios da pimenta?
- A pimenta é termogênica, ou seja, o corpo demora mais tempo para fazer a digestão dela, consequentemente gasta mais energia e ajuda no emagrecimento.
- A capsaicina, elemento responsável pela ardência da pimenta, tem propriedades antiinflamatórias, analgésicas, anticoagulantes e ainda ajuda a controlar o colesterol.
- Pimenta é antioxidante, ou seja, ajuda o sistema imunológico e previne o envelhecimento das células.
Como medir a ardência de uma pimenta?
A ardência de uma pimenta é chamada de pungência e, para medir quão ardente uma pimenta é, existe a Escala de Scoville.
Para fazer a medida, é calculado quantas medidas de água e açúcar é preciso para diluir uma medida de pimenta e eliminar toda sua ardência.
1 unidade de Scoville (SHU) = para 1 medida de pimenta é preciso de 1.000 medidas da solução de água e açúcar.
Na escala de 0 SHU, temos o pimentão. No topo está a capsaicina pura, com 15.000.000 SHU. A pimenta mais forte do mundo está entre 1.6 e 2.000.000 na escala.
Quais tipos de pimentas existem?
Pimenta Preta (ou Pimenta do Reino)
Seu nome mais famoso é Pimenta do Reino e, além de preta, ela pode ser branca, verde ou avermelhada (muitas vezes vendida como pimenta rosa).
Elas são bastante populares nas cozinhas mesmo com quem não gosta de pimenta, pois seu ardor é muito leve. Inclusive eu mesma amo Pimenta do Reino e uso em quase tudo!
A Pimenta do Reino preta, a verde e a branca são colhidas da mesma planta: a preta tem a casca enrugada e miolo mais claro. Já a branca é apenas o miolo da semente, por isso é branca e lisinha. Já a verde é mais difícil de ser encontrada fresca, é mais comum encontrá-la em conserva.
A Pimenta do Reino rosa vem de outra planta, tem uma casca cor de rosa quebradiça e seu miolo é preto.
A pimenta preta é boa para praticamente qualquer coisa, sendo indicada para carnes vermelhas e sopas ou molhos escuros. Já a pimenta branca é a mesma coisa: fica muito bem em diversos pratos, mas é indicada para temperar peixes e carnes brancas, bem como molhos mais claros, maioneses e sopas clarinhas. É pura questão estética, para que a comida não fique com pontinhos pretos ou brancos destoando da cor do prato.
A pimenta rosa é boa para temperar peixes, caldos e sopas.
A pimenta verde fica perfeita em carnes vermelhas e suculentas. É preciso ter em mente que seu sabor é um pouco mais frutado do que as outras Pimentas do Reino.
Pimenta Malagueta
Em sua forma fresca, pode ser tanto verde quanto vermelha, variando de acordo com o nível de maturação da planta.
Seu ardência é de média a alta, e fica muito boa em peixes, carnes, feijoada e completa perfeitamente pratos como acarajé, vatapá, tucupi e moqueca.
Pimenta Dedo de Moça
Ela é menos ardida do que a Malagueta, porém mais forte que a Jalapeño.
Fresca, ela é comprida e pode ser verde ou vermelha, dependendo se está madura ou não. Mas ela também é encontrada em molhos líquidos, em conserva ou desidratada.
Ela fica boa em todos os tipos de carnes e também em saladas e molhos para massas. Se for usá-la fresca e preferir menos ardida, retire as sementes antes!
Pimenta Biquinho
É uma pimenta super leve, redonda e com um leve “biquinho” na ponta. Ela não tem nada de ardência, por isso é consumida pura e inteira em saladas e risotos, como aperitivo e até mesmo em drinks.
Fica ótima para decorar pratos e é boa para fazer geleia.
Pimenta Calabresa
Não existe A pimenta calabresa! Ela nada mais é do que algum tipo de pimenta que foi desidratada e ralada em flocos.
No Brasil, a pimenta calabresa mais comum vem da Dedo De Moça, mas também pode ser feita a partir da Malagueta.
Pimenta Chipotle
Nada mais é do que a pimenta Jalapeño defumada e desidratada.
Está cada vez mais comum aqui no Brasil, aparecendo em diversos pratos e lanches e mais fácil de encontrar nos mercados!
Pimenta de Cheiro
Muito usada na culinária nordestina, sua pungência pode ser de média a alta, dependendo de como foi produzida. Suas cores variam bastante, desde amarelo claro até laranja, avermelhado ou preto.
Fica boa em caldos, frutos do mar e principalmente peixes. É muito usada em pratos como os bobós.
Pimenta Murupi
Original do Norte do Brasil, essa pimenta é muito comum no Amazonas e no Pará.
Ela é considerada a pimenta brasileira mais forte!
É comum ser consumida em conservas ou então no tucupi, prato típico do Pará.
Pimenta Cumari
Essa pimenta é levemente amarga e super picante!
Por ser amarga, ela não fica muito boa em molhos: sua melhor versão é fresca ou em conserva para temperar alimentos como arroz, feijão e fica especialmente boa com carnes gordurosas, carne seca ou carne de sol.
Pimenta Habanero
A Habanero é uma das mais picantes do mundo e possui vários tipos, como a Habanero Chocolate ou a Branca.
Ela é bastante versátil, podendo ser utilizada fresca, defumada, em conserva, seca e também na preparação de molhos, como o barbecue.
Também dá para ser usada em geleias e fica boa em grelhados, assados, sopas e peixes. Para quem gosta de algo mais exótico, também fica bom em frutas e coquetéis.
Curiosidade: sua variação Red Savina é um dos principais ingredientes do spray de pimenta.
Pimenta Jalapeño
Ela é original do México, sendo um dos clássicos da culinária local. Também faz muito sucesso nos Estados Unidos.
Sua coloração varia de verde a vermelho, mas é mais comum de ser encontrada ainda verde. Pode ser consumida fresca, em molho, conservas, desidratada ou em pó.
Fica bem no chilli, em tacos e burritos ou pode ser consumida inteira, acompanhada de azeite, sal e queijo.
Curiosidade: o molho de pimenta Chipotle é feito de Jalapeño.
Pimenta Caiena
Essa pimenta é, na verdade, uma mistura de outras pimentas moídas: Malagueta, Dedo de Moça e Chifre de Veado. Ou seja, é super forte e deve ser usada com cuidado se você não a conhece ainda!
Fica boa com quase tudo, de peixes a carnes, mas a melhor coisa mesmo é fazer asinha ou tulipa de frango.
Pimenta Tabasco
Pimenta originária das regiões da América Central, ficou muito popular ao ser ingrediente principal para o clássico molho Tabasco, que nasceu em 1868 e é vendido no mundo inteiro.
O molho não é mais feito apenas um tipo de pimenta: há variações como Habanero, Chipotle, mix de pimentas verdes e até mesmo sabores adocicados ou com alho.
Fica bom em tudo, inclusive na pipoca!
Pimenta Sriracha
A Sriracha é um molho feito com uma mistura de jalapeños, sal, vinagre, açúcar e alho. Ele é bem espesso.
Por conta disso, vai muito bem em pratos orientais e frituras. Em termos de ardência, se assemelha a um molho Tabasco clássico, mas com um sabor de vinagre bem mais fraco.
Pimenta Síria
Apesar do nome, a Pimenta Síria não é uma pimenta! É apenas uma mistura de temperos: Pimenta do Reino + Pimenta da Jamaica + Noz Moscada + Canela + Cravo.
É muito usada para temperar pratos árabes, como kaftas, esfihas, kibes e tabules.
Pimentão
Pimentão também é pimenta? Sim! Mas por conter níveis super baixos de capsaicina, que é a substância que dá o ardor, ele não é nem um pouco forte.
O pimentão verde, amarelo e vermelho é o mesmo, apenas variando no grau de maturação do fruto. Por isso é que o pimentão verde, que ainda não está maduro, costuma ser indigesto para a maioria das pessoas.
Pimentão fica uma delícia refogado com azeite e cebola, acompanhando um bom prato de arroz!
Pimenta Carolina Reaper
Atualmente é a pimenta mais ardida do mundo, segundo o Livro dos Recordes. Ela é produzida nos Estados Unidos e vem do cruzamento das pimentas Habanero e Naga Bhut Jolokia.
Em agosto de 2017, foi medido um grau de 1.641.183 na escala de Scoville. Para comparação, uma Habanero tem um grau de 60.000 a 100.000.
Ela é tão ardida que precisa ser manuseada com luvas para não causar queimaduras na pele!
Dicas finais sobre pimentas
Pimentas frescas conservam melhor as propriedades nutricionais, sabor e aroma. Enquanto isso, suas versões em pó são as que duram menos tempo: elas não chegam a estragar, mas perdem toda a picância e sabor.
Por isso, se não conseguir a versão fresca da sua pimenta preferida, escolha opções desidratadas para moer na hora ou então molhos e conservas, que preservam melhor a ardência da pimenta.
Você usa pimenta? Qual a sua preferida?
Confira o primeiro post da série Temperos: Sal
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